O vento esbanja força no litoral norte da Paraíba. Protagonista, o sujeito sopra com gosto, esculpindo falésias, formando dunas e suprindo a demanda de adrenalina de surfistas e kitesurfistas.
A paisagem da Reserva Florestal propriedade da empresa mineradora Cristal Global que, há décadas, extrai ilmenita, rutilo, zirconita e cianita na costa entre Barra de Camaratuba e Barra do Rio Guaju, na divisa com o Rio Grande do Norte, ganhou o adorno de cataventos gigantes.
São 60 turbinas do Parque Eólico Vale dos Ventos e 13 turbinas do Parque Eólico Millennium, ambos da empresa Pacific Hydro, instalados dentro da área da mineradora para produzir energia elétrica.
Ao longo dos 12 quilômetros de praias desertas da reserva particular, as torres dividem o espaço com dunas, lagoas freáticas e um mar, cujo degradé vai do azul turquesa ao verde esmeralda.
No último trecho do Litoral Norte da Paraíba predomina vegetação de dunas, formada por plantas herbáceas.
O passeio sai de Barra de Camaratuba, onde os veículos são alugados, e vai até a barra do rio Guaju, na divisa com o Rio Grande do Norte. Do outro lado do rio, que pode ser cruzado por uma pequena balsa, já no Rio Grande do Norte, a dica é conhecer a charmosa vila do Sagi.
O Litoral Norte da Paraíba está inserido em uma região que representa um importante ponto de transição geológica e geográfica do Brasil.
Situada quase no cotovelo do país (extremo mais próximo da África), é neste ponto que começam a se formar as grandes regiões de dunas móveis do litoral nordestino que seguem em direção aos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão. O responsável é a tal da curva que divide a orientação dos ventos. Aqui passam a incidir as correntes que sopram do Norte. Por esse motivo, os ventos atingem o litoral num ângulo diferente, retirando a vegetação de fixação dos montes de areia (chamados de dunas fixas), transformado-os em dunas móveis que, como já diz o nome, se deslocam como uma onda.